Carlos Pena Filho
Carlos Pena Filho |
Nasceu em Recife, Pernambuco, em 1929, e faleceu na mesma cidade, em 1960. Filho de pais portugueses, Carlos Souto Pena, comerciante, e Laurinda Souto Pena. Em 1937, com a separação dos pais, mudou-se para Portugal, com sua mãe e irmãos, Fernando e Mário, indo morar na casa dos avós paternos. Lá viveu dos oito aos doze anos de idade quando então retornou para o Brasil. O pai permaneceu no Recife, onde era proprietário de uma sorveteria. Fez seu curso primário enquanto esteve em Portugal e o curso secundário no Recife.
Carlos Pena Filho foi um poeta político, interessado em cada aspecto da vida de sua cidade e do seu Estado, Pernambuco. Estudante de Direito, formou-se pela Faculdade de Direito do Recife, tendo participado ativamente da política universitária, empenhando-se em campanhas eleitorais.
Em 1954, ao chegar Parnamirim, município pernambucano, com outros estudantres universitários que apoiavam o então candidato a governador Cordeiro de Farias, foi baleado (31 perfurações no corpo), durante uma briga entre um morador do município e a Polícia Militar local.
Como advogado atuou em repartição do Estado e, em paralelo, trabalhou como jornalista no Diário de Pernambuco, Diário da Noite e Jornal do Commercio, onde fez reportagens, escreveu crônicas e publicou alguns de seus poemas. Casou com Maria Tânia Tavares Barbosa, com quem teve uma filha, Clara Maria de Souto Pena, que lhe deu três netos: Maria Joana, Maria Luiza e Carlos Souto Pena.
Durante a vida contou com a amizade e a admiração de muitos escritores e poetas de renome. Conviveu estritamente com Manuel Bandeira, Joaquim Cardoso, João Cabral de Melo Neto, Mauro Mota, Gilberto Freyre e Jorge Amado, dentre outros. Faleceu aos 31 anos, vítima de um acidente automobilístico, em 1º de julho de 1960, no Recife.
Obra poética: O tempo da busca (1952), Memórias do boi Serapião (1956), A vertigem lúcida (1958), Livro geral (1959) e Melhores poemas Carlos Pena Filho (1983, seleção de Edilberto Coutinho). Sobre o autor: O livro de Carlos: Carlos Pena Filho, poesia e vida (1983), de Edilberto Coutinho.
Carlos Pena Filho foi um poeta político, interessado em cada aspecto da vida de sua cidade e do seu Estado, Pernambuco. Estudante de Direito, formou-se pela Faculdade de Direito do Recife, tendo participado ativamente da política universitária, empenhando-se em campanhas eleitorais.
Em 1954, ao chegar Parnamirim, município pernambucano, com outros estudantres universitários que apoiavam o então candidato a governador Cordeiro de Farias, foi baleado (31 perfurações no corpo), durante uma briga entre um morador do município e a Polícia Militar local.
Como advogado atuou em repartição do Estado e, em paralelo, trabalhou como jornalista no Diário de Pernambuco, Diário da Noite e Jornal do Commercio, onde fez reportagens, escreveu crônicas e publicou alguns de seus poemas. Casou com Maria Tânia Tavares Barbosa, com quem teve uma filha, Clara Maria de Souto Pena, que lhe deu três netos: Maria Joana, Maria Luiza e Carlos Souto Pena.
Durante a vida contou com a amizade e a admiração de muitos escritores e poetas de renome. Conviveu estritamente com Manuel Bandeira, Joaquim Cardoso, João Cabral de Melo Neto, Mauro Mota, Gilberto Freyre e Jorge Amado, dentre outros. Faleceu aos 31 anos, vítima de um acidente automobilístico, em 1º de julho de 1960, no Recife.
Obra poética: O tempo da busca (1952), Memórias do boi Serapião (1956), A vertigem lúcida (1958), Livro geral (1959) e Melhores poemas Carlos Pena Filho (1983, seleção de Edilberto Coutinho). Sobre o autor: O livro de Carlos: Carlos Pena Filho, poesia e vida (1983), de Edilberto Coutinho.
A mesma rosa amarela
Capiba
Composição: Capiba / Carlos Pena Filho
Você tem,
Quase tudo dela,
O mesmo perfume,
A mesma cor,
A mesma rosa amarela,
Só não tem o meu amor.
Mas nesses dias de carnaval,
Para mim você vai ser ela,
O mesmo perfume a mesma cor,
A mesma rosa amarela,
Mas não sei o que será,
Quando chegar a lembrança dela,
E de você apenas restar,
A mesma rosa amarela
Chopp
Na avenida Guararapes,
O Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
Tanto se foi transformando
Que, agora, às cinco da tarde,
Mais se assemelha a um festim,
Nas mesas do Bar Savoy,
O refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
São trinta homens sentados,
Trezentos desejos presos,
Trinta mil sonhos frustrados.
Ah, mas se a gente pudesse
Fazer o que tem vontade:
Espiar o banho de uma,
A outra amar pela metade
E daquela que é mais linda
Quebrar a rija vaidade.
Mas como a gente não pode
Fazer o que tem vontade,
O jeito é mudar a vida
Num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
O refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
São trinta homens sentados,
Trezentos desejos presos,
Trinta mil sonhos frustrados
Carlos Pena Filho
(1929-1960)
*****************
Tenha idade, mas mantenha-se jovem
Na avenida Guararapes,
O Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
Tanto se foi transformando
Que, agora, às cinco da tarde,
Mais se assemelha a um festim,
Nas mesas do Bar Savoy,
O refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
São trinta homens sentados,
Trezentos desejos presos,
Trinta mil sonhos frustrados.
Ah, mas se a gente pudesse
Fazer o que tem vontade:
Espiar o banho de uma,
A outra amar pela metade
E daquela que é mais linda
Quebrar a rija vaidade.
Mas como a gente não pode
Fazer o que tem vontade,
O jeito é mudar a vida
Num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
O refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
São trinta homens sentados,
Trezentos desejos presos,
Trinta mil sonhos frustrados
Carlos Pena Filho
(1929-1960)
*****************
Tenha idade, mas mantenha-se jovem
Poupe um pouco para sempre ser independente financeiramente.
Não precisa ser muito, não comprometa o prazer que o dinheiro pode lhe dar em razão de um tempo maior de velhice, que pode até não acontecer, se você morrer antes.
Além disso, um idoso não consome muito além do plano de saúde e dos remédios.
Provavelmente, você já tem tudo e mais coisas só lhe darão trabalho.
Pare também de se preocupar com a situação financeira de filhos e netos,
não se sinta culpado em gastar consigo mesmo o que é seu de direito.
Provavelmente, você já lhes ofereceu o que foi possível na infância e juventude,
assim como uma boa educação.
Portanto, a responsabilidade agora é deles.
Não seja arrimo de família, seja um pouco egoísta, mas não usurário.
Tenha uma vida saudável, sem grandes esforços físicos. Faça ginástica moderada,
alimente-se bem, mas sem exagero.
Tenha a sua própria condução, até quando não houver perigo.
Nada de estresse por pouca coisa. Na vida tudo passa, sejam os bons momentos
que devem ser curtidos, sejam os ruins que devem ser rapidamente esquecidos.
Esteja sempre limpo, um banho diário pelo menos, seja vaidoso, frequente barbeiro,
pedicure, manicure, dermatologista, dentista, use perfumes e cremes com moderação
e por que não uma plástica?
Já que você não é mais bonito, seja pelo menos bem cuidado.
Nada de ser muito moderno, tente ser eterno.
Leia livros e jornais, ouça rádio, veja bons programas na TV, acesse a internet, mande e responda e-mails, ligue para os amigos. Mantenha-se sempre atualizado sobre tudo.
Respeite a opinião dos jovens, eles podem até estar errados, mas devem ser respeitados.
Não use jamais a expressão "no meu tempo", pois o seu tempo é hoje.
Seja o dono da sua casa por mais simples que ela possa ser, pelo menos lá você é quem manda. Não caia na besteira de morar com filhos, netos, ou seja lá o que for.
Não seja hóspede, só tome esta decisão quando não der mais e o fim estiver bem próximo.
Você está no período do ronco e da flatulência.
Um bom asilo também não deve ser descartado e pode até ser bem divertido,
e você irá conviver com a turma da sua geração e não dará trabalho a ninguém.
Cultive um "hobby", seja caminhar, cozinhar, pescar, dançar, criar gato, cachorro,
cuidar de plantas, jogar baralho, golfe, velejar ou colecionar algo.
Faça o que gosta e os seus recursos permitam.
Viaje sempre que possível, de preferência, vá de excursão, pois além de mais
acessível, pode ser financiada e é uma ótima oportunidade para se conhecer novas
pessoas.
Aceite todos os convites de batizado, formatura, casamento, missa de sétimo dia,
o importante é sair de casa.
Fale pouco e ouça mais, a sua vida e o seu passado só interessam a você mesmo.
Se alguém lhe perguntar sobre esses assuntos, seja sucinto e procure falar coisas
boas e engraçadas. Jamais se lamente de algo.
Fale baixo, seja gentil e educado, não critique nada, aceite a situação como ela é.
As dores e as doenças estarão sempre presentes; não as torne mais problemáticas
do que são falando sobre elas. Tente sublimá-las, afinal, elas afetam somente a você
e são problemas seus e dos seus médicos.
Não fique se apegando em religião, depois de velho, rezando e implorando o tempo
todo como um fanático. O bom é que, em breve, seus pedidos poderão ser feitos
pessoalmente a ele.
Ria, ria muito, ria de tudo, você é um felizardo, você teve uma vida, uma vida longa,
e a morte será somente uma nova etapa incerta, assim como foi incerta toda a sua vida.
Se alguém disser que você nunca fez nada de importante, não ligue.
O mais importante já foi feito: Você!
Não precisa ser muito, não comprometa o prazer que o dinheiro pode lhe dar em razão de um tempo maior de velhice, que pode até não acontecer, se você morrer antes.
Além disso, um idoso não consome muito além do plano de saúde e dos remédios.
Provavelmente, você já tem tudo e mais coisas só lhe darão trabalho.
Pare também de se preocupar com a situação financeira de filhos e netos,
não se sinta culpado em gastar consigo mesmo o que é seu de direito.
Provavelmente, você já lhes ofereceu o que foi possível na infância e juventude,
assim como uma boa educação.
Portanto, a responsabilidade agora é deles.
Não seja arrimo de família, seja um pouco egoísta, mas não usurário.
Tenha uma vida saudável, sem grandes esforços físicos. Faça ginástica moderada,
alimente-se bem, mas sem exagero.
Tenha a sua própria condução, até quando não houver perigo.
Nada de estresse por pouca coisa. Na vida tudo passa, sejam os bons momentos
que devem ser curtidos, sejam os ruins que devem ser rapidamente esquecidos.
Esteja sempre limpo, um banho diário pelo menos, seja vaidoso, frequente barbeiro,
pedicure, manicure, dermatologista, dentista, use perfumes e cremes com moderação
e por que não uma plástica?
Já que você não é mais bonito, seja pelo menos bem cuidado.
Nada de ser muito moderno, tente ser eterno.
Leia livros e jornais, ouça rádio, veja bons programas na TV, acesse a internet, mande e responda e-mails, ligue para os amigos. Mantenha-se sempre atualizado sobre tudo.
Respeite a opinião dos jovens, eles podem até estar errados, mas devem ser respeitados.
Não use jamais a expressão "no meu tempo", pois o seu tempo é hoje.
Seja o dono da sua casa por mais simples que ela possa ser, pelo menos lá você é quem manda. Não caia na besteira de morar com filhos, netos, ou seja lá o que for.
Não seja hóspede, só tome esta decisão quando não der mais e o fim estiver bem próximo.
Você está no período do ronco e da flatulência.
Um bom asilo também não deve ser descartado e pode até ser bem divertido,
e você irá conviver com a turma da sua geração e não dará trabalho a ninguém.
Cultive um "hobby", seja caminhar, cozinhar, pescar, dançar, criar gato, cachorro,
cuidar de plantas, jogar baralho, golfe, velejar ou colecionar algo.
Faça o que gosta e os seus recursos permitam.
Viaje sempre que possível, de preferência, vá de excursão, pois além de mais
acessível, pode ser financiada e é uma ótima oportunidade para se conhecer novas
pessoas.
Aceite todos os convites de batizado, formatura, casamento, missa de sétimo dia,
o importante é sair de casa.
Fale pouco e ouça mais, a sua vida e o seu passado só interessam a você mesmo.
Se alguém lhe perguntar sobre esses assuntos, seja sucinto e procure falar coisas
boas e engraçadas. Jamais se lamente de algo.
Fale baixo, seja gentil e educado, não critique nada, aceite a situação como ela é.
As dores e as doenças estarão sempre presentes; não as torne mais problemáticas
do que são falando sobre elas. Tente sublimá-las, afinal, elas afetam somente a você
e são problemas seus e dos seus médicos.
Não fique se apegando em religião, depois de velho, rezando e implorando o tempo
todo como um fanático. O bom é que, em breve, seus pedidos poderão ser feitos
pessoalmente a ele.
Ria, ria muito, ria de tudo, você é um felizardo, você teve uma vida, uma vida longa,
e a morte será somente uma nova etapa incerta, assim como foi incerta toda a sua vida.
Se alguém disser que você nunca fez nada de importante, não ligue.
O mais importante já foi feito: Você!